NOVA ÁGORA

O objetivo deste blog é proporcionar visibilidade aos trabalhos escritos em atividades acadêmicas, clínicas e contatos sociais os quais refletem experiências, insights, meditações de foro íntimo e oriundas de um convívio próximo com o sofrimento e a esperança de milhares de pessoas com as quais me relacionei pessoal e profissionalmente. Também objetivo divulgar as atividades do Projeto Ágora que abre para a sociedade um espaço livre de discussões filosóficas, psicológicas, etc.

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Cabeçalho e lateral de cima do lado direito: objetivos, quem sou, boas vindas, nº de visitantes, pesquisa, inscrever-se, seguidores, guia do blog.
Segunda lateral lado direito: apresentação das capas dos livros publicados, relação de livros publicados, relação de links de artigos científicos publicados,informações Projeto Ágora, Vídeos de Entrevistas e Palestras que estão no youtube;
Centro: questões para discussão, relação eventos públicos nos quais proferirei palestras, próximas edições do Projeto Ágora;
Segunda metade inferior: fotografia das ruínas do Templo de Heresto em Atenas (link para artigo explicativo sobre a Ágora de Atenas), trechos dos livros publicados, poemas não publicados.

TRECHOS DO LIVRO "TRISTEZA - A FACE OCULTA DA FELICIDADE"

"Dentre as inúmeras distorções, fruto da ignorância de natureza emocional, peregrino por uma nova hermenêutica da tristeza que não pode ser apartada do ser; esta pertence ao ser, expressando-lhe seus fundamentos ontológicos. Entendo que a tristeza foi solapada da gramática do afeto humano por designar o recolhimento do ser para a reflexão, e na reflexão o ser se aliena menos, se questiona mais, revê o que lhe é mais necessário, ou seja, se torna menos escravo da cultura para se converter em um produtor crítico e eficaz para a edificação de novos paradigmas." (pág. 15 - trecho da Apresentação do Livro)

"Na contemporaneidade, os modos de sofrer se transmutaram em instâncias de gozo contínuo. Não nos é mais permitido sofrer. Sofrer se tornou uma atitude marginal que situa o sofredor no âmbito do fracasso. A sociedade exige a ética da excelência e o sucesso a todo custo. É preciso estar sempre muito bem, com um sorriso estampado no rosto, espelhando uma felicidade incoercível, à frente de uma exigência tão fragmentadora da natureza humana, quando se polariza a felicidade na esfera da alegria propondo a exclusão - pelas vias de sua patologização - da tristeza como uma vivência emocional que deve ser subtraída da subjetividade humana.

Considero que a experiência da tristeza vivida e conscientizada ou mesmo elaborada no trânsito de uma psicoterapia se torna fundamental, pois o corpo de um bom psicoterapeuta representa um ninho para a aterrissagem do sofrimento de quem explana a sua dor. A tristeza pede pouso, reivindica hospedagem e o acolhimento psicológico é uma morada em meio a uma selva densa onde o transeunte perdido encontra orientação e sugestões de saída para o seu labirítinco sofrimento. Portanto, atravessar a tristeza com coragem, seja com uma ajuda profisional ou não, contribui para libertar do indivíduo seu poder pessoal e a sua criatividade, ou melhor, habilita-o para uma maior resistência existencial. E resistir é evoluir." (pág.25/26)

"Como a cultura instituiu que sentir tristeza é negativo, a pessoa acaba por se permitir na adesão aos apelos publicitários. O indivíduo não se permite vivenciar a tristeza. Elaborá-la significa mergulhar nas causas que a originaram. Este comportamento emocional da negação para vivenciar a tristeza, e que hoje, como nenhum outro tempo do passado, é compensado pelo consumismo, vem contribuindo para os processos de somatização.

Muitas dores ou doenças se originam de emoções não vividas. Bloqueadas em suas potencialidades estas se convertem em energias deletérias, destruindo o sistema imunológico. Tristeza não atualizada através de uma vivência consciente se converte em profundas angústias e essas angústias profundas se transformam em doenças psíquicas e somáticas.

Muitas enfermidades são orignárias do modo incongruente que o indivíduo contemporâneo tem existido. Nos tempos atuais, perante os sofisticados sistemas de entretenimento, diversão, opções inúmeras de fugas, fica mais fácil enganar a si mesmo.

Na era dos tempos vazios, o socorro às drogas, ao sexo desvairado, às futilidades gerais serve como tamponamento para o verdadeiro sentido que se oculta por baixo destas realizações nocivas.

A tristeza é uma emoção sem interesse algum para os sistemas de controle da atualidade. Vai contra o consumismo, a diversão, a festividade, ao carnaval, ao capitalismo, ao sucesso profissional.

Experimentar tristeza é ser um alienígena neste planetário do sorriso postiço e da alegria débil.

Vivemos o tempo do culto à mercadoria, as coisas valem mais que as pessoas, valem-se pelo que se pode consumir.

Deste modo, geramos uma desidentificação com as nossas emoções mais profundas, como presas fáceis que somos da sensação que é a dimensão de foco da Indústria Publicitária.

No afastamento das emoções geramos outros elos de identificação que nos justifiquem. Passamos a fazer a transferência para objetos, os que consumimos. Assim, vivemos na superície, flutuando sobre nossos 'eus' atomizados.

O que não é profundo não se sustenta. O homem sem conexões com o seu ser experimenta a queda de si, tropeçando em coisas insignificantes que lhe desviam do seu 'Télos', ou seja, do seu destino." (pág. 82/83)

TRECHOS DO LIVRO "DEPRESSÃO - RESISTÊNCIA OU DESISTÊNCIA EXISTENCIAL"

"O homem , como ser-no-mundo, carece, no vigente modelo, de pontos de conexão com este mesmo mundo que se lhe apresenta ameaçador e desamparador quando não oferece o suporte da família e dos alicerces socioculturais. O que parece também ocorrer não é apenas a depressão dos indivíduos, mas das instituições representativas da sociedade que, logicamente, passam a refletir a temperatura ideológica de seus membros. Há uma depressão institucional, o que se pode confirmar na percepção de Lipovetsky (1983) que chamou este fenômeno de depressividade generalizada. Para o autor, esta depressividade não se detém às anomalias psicológicas dos indivíduos nem mesmo às dificuldades da vida atual, mas sim à “deserção da res pública”, que limpou o território social até a emergência do indivíduo puro. Ou seja, as instituições e os veículos de socialização e doação de identidade aos indivíduos parecem também que adoeceram de uma depressão ideológica e sociológica, abandonando o homem a si mesmo, o que levou a estimular, em total permissividade social, o indivíduo a se preocupar só consigo, e o que viria argamassar mais ainda um aspecto do individualismo contemporâneo que é o ser social narcísico.

O que há é um narciso em busca insaciável a si próprio, obcecado por sua própria imagem, vulnerabilizando-se em todo momento nos embates de seu cotidiano. As cobranças socioculturais de reforçamento da auto-imagem narcísica jugulam o indivíduo a um catre de dramatização e insuportável estresse. É proibido envelhecer, engordar e é legítimo procurar a estética perfeita. O culto ao corpo e a política do consumismo desfocam o indivíduo do seu sentido de existir, criando um artificialismo que o faz adoecer psiquicamente, alijando-o a um tédio, a uma apatia, portanto, como conseqüência a um deprimir existencial. A sociedade narcísica, no dizer de Lash (1983), caracteriza, como possibilidade, o sujeito em depressão, onde existe a perda de continuidade histórica, na dissolução das territorialidades com conseqüente erosão do tempo histórico que institui uma sociedade sem base de ancoragem e acentuada opacidade." (Pág. 16)

TRECHOS DO LIVRO "O PONTO DE INTEGRAÇÃO"

"O aspecto básico da Física Quântica é que a matéria não é material. Não há massa bem definida com um comportamento rígido e padronizado, que assegure a imponderabilidade material. O que existe são alguns padrões de relacionamentos comandados pelos movimentos de quarks e léptons e que se apresentam com caráter dual, ora sendo onda, ora sendo partícula.

Dois elétrons nunca estão de fato separados, entre eles existem conexões ocultas (ondas). Suas funções de onda quântica se sobrepõe e isto dá consistência aos condensados de Bose-Einstein do ipse que, através da psiquia, atuam sobre os neurônios cerebrais. A psiquia que, como já foi dito, é uma função do ipse, é o ponto de interseção entre a energia e a matéria." (pág. 44 - 1a Edição - 2003 - DPL Editora)

TRECHOS DO LIVRO "NA TRILHA DOS GIRASSÓIS"

"... que os homens não se esqueçam que, à maneira dos girassóis que anelam a luz apontando suas pétalas para o sol, devem todas as criaturas humanas sempre se dirigir ao sol divino a fim de completar em torno de si mesmo o giro de sua evolução para a eterna felicidade." (pág.15 )

"Quando o inolvidável ser desceu às areias brancas na bela Ilha dos Condores, os pescadores, capitaneados por Zarir, ajoelharam-se, pois seus joelhos não suportaram o peso do amor e júbilo que os seus corações carregavam.

Dir-se-ia ser aquele homem de caracteres formosos um novo Adônis da inesquecível fábula, mas neste caso a sua beleza moral transpunha a física. Lábios levemente finos os quais pareciam duas listras escarlates pintadas sobre seu queixo suavemente ovalado. Lindas melenas com madeixas cor poente lhe engrinaldavam a testa larga que lembrava, pelo ardor de seus pensamentos, uma pedra ígnea talhada e posta sobre suas sobrancelhas de pigmentos louros.

Quando os pescadores o fitaram, quedaram-se em silêncio abismal. Ato contínuo, com o rosto sobre o peito magro e tostado de sol, Zarir, que tinha nos cabelos a neve indissolúvel dos anos, falou com a cabeça declinada em sinal de deferência:" (pág.19)

"Existe em todos nós uma eterna aurora como, também um perene poente. É quando viveis no vosso hoje, em sintonia com o espírito divino que há em vós, que destas delícias saboreais." (pág.52)

"Se pudésseis ter a alegria de ver nas pequenas pedras do caminho não percalços para o vosso tropeço, mas antes descobrísseis nestas sementes de estrelas os fragmentos do mundo etéreo, que se condensam no amor para dar tangibilidade a vossos sentidos, ou ainda, átomos que se dão as mãos para cantarem juntos, na ciranda das moléculas, a cantilena da matéria-energia." (pág.53/54)

"... Porque não há sabedoria sem pureza e inocência." (pág.54)

"... pois não é levantando templos que chegareis ao Altíssimo, mas sim, erguendo vossas almas." (pág. 54)

"Deveis, sim, é viver na pureza e no amor, assim vossas vidas terão menos sofrimento e menos dor." (pág. 55)

"Não é o vosso próximo um ser alheio a vós, é o vosso próprio eu revestido em outra roupagem. Rasgai essa roupagem e vereis vossa alma de mãos dadas à alma do vosso próximo.

Embora estejam os cedros distantes um dos outros em seus troncos e galhos, suas raízes sempre se tocam no imo da terra.

Existe um fio invisível que vos une a todos os seres. É segurando este fio invisível que vos liga ao vosso próximo que podereis tecer a teia de vossa felicidade." (pág.60)

TRECHOS DO LIVRO "GRÃOS DE MOSTARDA"

"Nessa ânsia desenfreada por uma auto-afirmação ególatra, tornamo-nos mais ansiosos, menos amorosos; mais isolados, menos amigos; mais eu, menos nós. E as crianças de hoje são as mais prejudicadas.

Esse enfoque direcionado a uma artificialização do ego mata os sentimentos, enterra as emoções, empobrece o ser psicológico como um todo.

Aprendemos a supervalorizar o intelecto e a menosprezar o coração.

Há algumas décadas acreditava-se que o QI era um dado genético que não se podia modificar com a experiência de vida. E que nosso destino estaria adstrito a estes fundamentos intelectivos predestinados por uma fatalidade biológica.

Mas hoje se prova que existem muitas pessoas com um invejável QI de 180, mas sem nenhum êxito existencial, seja afetivo e até profissional. Por outro lado, pessoas de QI modesto de 100 apresentam-se felizes e até bem sucedidas econômica e financeiramente. Estas são pessoas vitoriosas porque são perseverantes, amáveis, capazes de se motivarem quando se deparam com os óbices da vida.

A arquitetura emocional, portanto, torna-se tão valiosa senão mais quando agora comparada à performance intelectiva.

Igualmente se sabe que nossas emoções têm uma função essencial em nossas vidas. São elas que verdadeiramente direcionam as decisões mais inteligentes nos momentos mais difíceis " (pág.64/65)

"A sinceridade e a honestidade contigo mesmo sempre serão caminhos luminosos a te guiar para a marcha para o autoencontro. Não procures fazer comparação de tua vida com a de outrem, cada um tem sua própria história, sua evolução. Retira o que de bom encontras nas pessoas, e tua persona será fiel ao teu eu interior, sem máscaras, com a face límpida resplandecendo o sol da verdade.

Acredita em tua vida, no poder e talento que trazes em ti e desenvolve esse germe divino e logo verás quão bom é viver. Essa postura te ajudará na conversão de teu ego. Mas é preciso que antes saibas distinguir tua vida interior de teus problemas. Pois a tua vida íntima é pulcra e está acima das eventualidades do cotidiano. Acessando teu psiquismo te integrarás a este manancial de forças que emergirão, acalmando teu ânimo e revigorando teus pensamentos para a luta do dia-a-dia. Porque toda conversão é sempre e primeiramente interior para depois se exteriorizar como exemplo de vida, em equilíbrio e paz." (pág.79/80)

TRECHOS DO LIVRO "CONCHAS DO MAR - PARA OUVIR A VOZ INTERIOR"

"O fator diferencial e que proporciona maior equilíbrio à frente das dificuldades da vida, está na postura mental da pessoa. Quem espera ser feliz, somente na alegria, tem a felicidade pela metade mas, quem se exercita em ser feliz, seja na alegria como na tristeza, tem a felicidade por itneiro." (pág.13 - 1a Edição - 2001 - DPL Editora)

"15 - Afetividade

As pessoas que cresceram em uma atmosfera de afeto humano têm um desenvolvimento muito mais positivo e saudável do corpo e da mente.

São pessoas mais felizes e bem resolvidas. Tratam os outros bem amoravelmente independentemente da condição sócio-econõmico-cultural.

A pessoa afetuosa é também uma pessoa inteligente. A inteligência afetiva irriga o intelecto de estímulos dando sentido à vida.

Às vezes, o fato de ser mais afetuoso não exige profunda mudança, basta apenas uma pequena conscientização para que a energia mental da pessoa direcione o foco para a potencialização da afetividade. Isto porque todos nós inegavelmente somos bem dotados de afeto.

Assim sendo, procura no afeto com as pessoas o combustível para tua felicidade. Experimenta ao menos a afetividade com os teus mais próximos e depois estende a todos sem discriminação o teu afeto e verás quão bem fará a tua saúde física e mental e quanto te sentirás feliz.(pág. 69)

"29 - A Tua Voz Interior Também Quer Te Escutar

Saibas que em vós há a Bondade Divina em abundância, e tamanha é a misericórdia de Deus que Ele como um pai zeloso quer também vos escutar.

Nas horas de vossas dores maiores, das dificuldades, incompreensões e injustiças de quaisquer naturezas, Ele está convosco.

Quando vós estiverdes neste estado de ânimo abre a vossa boca e compartilha com Ele o vosso sofrimento. Confessai-vos a Ele com a segurança e fé de quem sabe que Ele está vos escutando. E Ele que é a vossa voz interior não apenas quer vos falar mas sobretudo deseja profundamente vos escutar.

Pára e reflete, ora concentradamente, disponibiliza vossos sentimentos e emoções elevando-os até Ele. Reconhecerás que não surgirá resposta ou que ninguém falará verbalmente, mas é justament eneste momento que a vossa voz interior está vos escutando.

Amigo e amiga, nunca vos desespereis, falo com a convicção da experiência própria, a vossa voz interior é vossa amiga maior e o que faríeis quando à frente de alguém mui amigo que está enfrentando uma aflição? Decerto compartilharíeis com este seus problemas. Fazei o mesmo com este Ser que está em vós, ide para a solidão de vosso quarto e isolai-vos do mundo por alguns minutos e entregai-vos a Ele, porque a vossa voz interior vos aguarda para vos escutar. (pág. 126 )

TRECHOS DO LIVRO "SIMPLICIDADE"

"A liberação do eu autêntico proporciona uma clareza em nosso entendimento e oxigena nossas emoções, dando-nos uma profunda sensação de renascimento. E renascimento pessoal combina perfeitamente com um dia novo que surge como uma nova oportunidade para o exercício de nossa auto-iluminação." (pág.15)

"O casamento é uma experiência para reforçar em nós o amor, aprofundando na medida em que compartilhamos com o nosso parceiro a nossa afetividade e não quando o escravizamos exigindo deste um amor que nem sequer se pode oferecer ao parceiro, no que compele a relação ao fracasso matrimonial.

Mas lembremo-nos, hoje é um novo dia, e tu pretendes te melhorar e agora te confrontando com o teu amor, busca nele ou nela o lado humano. Imaginemos que acabando de fazer aquela maravilhosa oração ou meditação estejas renovado. Portanto, não percas a oportunidade; abraça-o ou abraça-a com profundo sentimento de reverência para com aquele ou aquela que escolheste para dividir os momentos mais íntimos da vida. sussurra-lhe palavras carinhosas. Sai de casa pensando que poderá ser o seu último momento com esta pessoa. Estes são os grandes instantes da existência. É nas coisas simples, lembremo-nos, que está o sentido da vida. Faze um comentário positivo e porque não, romântico? Fala com a alma e dize: Bom dia meu amor! Hoje é um dia especial. Mais uma vez temos a oportunidade de vivermos juntos nossa história de amor. Eu te amo." (pág.28)

"Os melhores momentos da vida são os mais simples. Um passeio em um campo, a ida improvisada ao cinema, tomar um sorvete em uma praça, a caminhada na praia, o comentário amigo de uma passagem hilariante, o hábito saudável de orarem juntos se fazem de lembranças positivas em momentos de descontração. Não é a toa que quando se perde um parceiro são estes momentos simples os mais recordados e sentidos." (pág. 47)

TRECHOS DO LIVRO "O JARDIM DA SABEDORIA"

"Amir, estampando no rosto uma luminosidade como se por baixo de sua face fluísse um riacho de diamantes, continuou dizendo:

Não é lutando contra o mundo que o vencerás, mas sim, lutando contra ti mesmo.

O mundo somente se nos apresenta como nosso inimigo quando nós não nos apresentamos a nós como amigos e ao mundo com cordial amizade.

Lutar contra ti não é te autoguerrear, é te autoamar.

O homem é bom por natureza; o que o corrompe é a débil consciência que este nutre sobre si mesmo, tornando-o vulnerável a toda a ignorância coletiva que o impregna de falsos conceitos e de idéias pré-concebidas.

Em verdade eu te digo: O que te torna prisioneiro não é a restrição de uma cela ou a castração de teus direitos, mas sim, a frágil idéia que tens sobre o verdadeiro significado de liberdade.

Ser livre não é se livrar das preocupações e problemas, é saber sobrepor-se a tudo isso com plena consciência de quem é você e o que são as eventualidades da vida.

Em verdade eu te digo: O orvalho tanto se glorifica no veludo das pétalas como no espinho dos cactus.

Ó meu filho, bem-aventurados são aqueles que se regozijam seja na alegria, seja na dor.

Aprende, sim, a te libertar de sua insciência.

O bracelete de ouro que a muitos ludibria nada mais é senão douradas algemas acorrentando-nos à cela do sovina.

Busca-te interiormente, pois é no coração da bolota que já a esperança do carvalho.

Somos muito mais do que pensamos. Quem tem como teto o infinito e chão nosso lindo planeta, diante de nada deve esmorecer." (pág.38/39)

"Teu esposo não é um príncipe encantado a fim de realizar teus caprichosos sonhos, é um homem na terra, nimbado de erros; deverias, sim, antes de ver nele um marido, ver um irmão.

O amor não nasce apenas na satisfação de nossos anseios, deve também nascer na morte de nossas ilusões.

A ilusão é o desnudamento de uma verdade.

Em verdade, esse é um dos grandes empecilhos da relação conjugal, quando estamos angustiados e insatisfeitos com nós mesmos, esperamos que o outro supra nosso vazio. Mas, quem pode ser preenchido pelo outro, se o nosso espaço já está ocupado por nós mesmos? " (pág. 51 - 1a Edição - 2001 - DPL Editora)

TRECHOS DO LIVRO "NA ROTA DO SOL"

"O Mais Vivificante dos Presentes

Ouvia-se falar numa enriquecedora palestra que seria dada por um afamado Mestre conhecido pela sua excelsa sabedoria. A palestra abordaria o seguinte tema: 'Qual o presente mais belo, o mais vivificante, o mais digno de todas as coisas?' Chegada a hora, muitos discípulos, advindos de diversas regiões, concentravam-se à frente da formosa criatura que permanecia em posição meditativa sem nada dizer, passando horas assim, até que um dos discípulos, intrigado no que para ele era um entediante silêncio, comenta: - Mestre, vimos aqui conhecer o que há de mais encantador neste mundo, queremos escutar muitas coisas belas, fala-nos. O mestre silenciosamente aponta para um rio; logo, todos levantam-se e obedecendo, dirigem-se ao encontro das límpidas e serenas águas. Lá nada encontram a não ser a si mesmos, refletidos sobre o rio. Frustrados, voltam ao mestre, onde são logo indagados pelo mesmo: - E aí, queridos discípulos, entenderam agora qual é o presente mais vivificante, o mais digno de todas as coisas? Pois é, o encontro consigo mesmo na intimidade de nosso lago interior.

***

Quem vive para se encontrar não se perde quando morre." (pág. 70)

"Um Coração Petrificado

Um homem, muito endurecido e ríspido, intrigado com sua esposa que amorosamente acariciava uma pedra, perguntou-lhe endurecidamente: -Mas que idiotia é esta, o que você está tentando fazer? Então ela respondeu: - Estou apenas tentando encontrar uma forma de como posso melhor penetrar em teu coração" (pág.71)

TRECHOS DO LIVRO "NAS PÉTALAS DA POESIA"

"À porta da caridade

Debruçado sobe a janela de minha cabana, aguardava-Te ansioso, mas a noite, com a sua cabeleira negra e seu diadema estelar, logo chegou e Tu não apareceste.

Taciturno, deitei-me na esteira indagando-me: Senhor, porque não viestes?

E, antes que minhas pálpebras cerrassem-me os olhos, alguém bateu a porta.

Meu coração palpitou, És Tu Senhor? Vieste me visitar?

Abri-a com sofreguidão e vi um mendigo em maltrapilhos, suplicando-me um pão.

E, embora a tristeza rasgasse minha alma, atendi ao seu pedido. E dormi, e sonhei, sonhei que Tu, amado Rei, chegavas à porta de minha choupana, trazendo em uma cesta cem pães e em um odre, vinho capitoso. Sorrias para mim e em Teu sorriso que lembrava um canteiro de lírios alvos, fizeste-me sentir: Sim, Tu sempre nos visita quando abrimos a porta da caridade."

(Pág. 51 - 1a Edição - 1996 - Edição Independente)

POEMAS AINDA NÃO PUBLICADOS

Arranquei da minha flor, o meu jardim

E espremi do meu hálito o meu perfume

E vim escrever numa folha de celulose a canção das árvores.

Mas como?

Que pássaro imitaria o rugido de um leão ou o grito de um gorila,

Pássaro não canta!

Interpreta a beleza que o atravessa e o faz sangrar de júbilo.

Toda paz é pura agitação criadora

O que não se agita no cosmos , não anuncia beleza.

Talvez isso!

A lâmina se supera não quando se destina a cortar apenas, mas quando reluz o sol.

Assim, o homem, o que lhe é mais nobre não é a confecção de seu pão, mas o brado de sua poesia.

Não é o ouro que o faz brilhar, mas a sua luz própria.

Não é o seu machado, nem o seu fiar, mas a mão que se estica para doar vida às mãos hirtas dos desesperançados.

Então, caminhei sob tua frondosa sombra, ó infinito – esse pássaro de asas compridas, comprimidas na gaiola do tempo que sou,

Feito de alguns anos, e espaço que vago , eu viajo na mágica do meu pensamento e me queimo no que me acalma.

Ó labaredas das águas!

Em teu cristal liso enxergo a minha profundidade.

Ó labaredas das águas !

Viestes para matar minha sede ou para aumentar minha fome?

Em teu círculo todas as curvas se encontram.

Ó fogo! Vejo-te no interior dessas águas.

Deus é um repouso que perturba, tão grande beleza, que estufa de ânsia esse coração que bate apenas para explodir.

Não resistiria a esse encontro ó divino!

Teu cálice é muito maior que a minha vinha

E tua pérola não cabe no meu oceano.

Pois sou como um sorriso discreto que se inibe com as extremidades de teu rosto vertiginoso

É toda essa beleza!

Como queria bradar a gratidão que sinto!

São meus lábios dois barbantes musicais na busca das melodias que escaparam da boca do meu coração,

Pois o meu rosto é uma máscara por onde o meu olho vagueia na captura das paisagens diáfanas de minha alma.

Nascestes de uma ferida e morrerás de uma ferida.

A vida, corda da superação esticada entre os extremos do improvável.

Ó grande alma! Pensei que em ti descansaria. Ledo engano!

És fogo e na tua água que acalma! Pois tua água é sangue, é pura labareda!

A vida é um Deus derretido, fez-se não luz, mas líquido que reina em todo sólido.

O universo não é água, é labareda! É luz que queima.

Labaredas são tuas águas, ó vida!

Pois o teu repouso é o surto que todas as paixões e teu elixir é ácido em todas as minhas feridas, teu hálito é quente

Só quem tem alma queima e é queimado, mas num fogo que transforma

O carvão de minha dor numa vara verde para escrever alguns versos de esperança.

______________________________________________________________________________________________________

Não há caminhos

Só descaminhos

Só há um caminho:

O teu olhar

Não para onde tu olhas

Mas, o que se reflete na íris do teu olho,pois

Todo fim é uma floresta, e não uma catedral.

Voar é para onde se deve ir

Todo destino é um pouso

Tudo que existe

Não foi feito para pensar

Mas, para brincar

Nada mais nos aproxima de Deus do que a imaginação.

O que é a imaginação?

É escutar uma voz que não se pronuncia?

Falar uma palavra que não se ouve?

Ou brincar com o tempo?

Onde o futuro se chega ao presente

Como quem estica o braço para agarrar o fruto mais maduro e altaneiro de uma árvore

Quem come da sua suculenta polpa

Ou quem se engasga com sua semente

Não deixa de espalhar o disperso contido na próxima árvore.

O homem que imagina não chuta pedras, semeia estrelas

Parteja dor da sua alegria.

Tudo é sombra, menos o Sol

Tudo que está sob uma Luz é falso

Qual o mistério da Luz?

É que ela não ilumina,

Revela a escuridão

Por isso o que há em minha imaginação é a minha sombra

Dançante sob o efeito do archote que existe em tudo

Eu sou a sombra da Luz que existe em mim.

É minha imaginação essa águia que sobrevoa as cinzas do meu ser

E faz compreender que o meu ninho se espalha por onde meu sentimento aterrissa

Sou um instante sólido flutuando numa eternidade líquida

Sou um habitante das profundezas de tudo que de raso existe em mim

O que é o raso, senão, o profundo que não saiu de sua superfície.

Quem habita as profundezas conhece luzes, mundos e universos incomuns

Mas, é um ser solitário

O preço da verdadeira beleza é a solidão.

Solidão é só um nome que eu daria a quem aprendeu a se dissolver na sua imaginação.

A não solidão é o desencontro consigo

A solidão é o encontro com o todo

Só o vazio preenche , nada mais , talvez!

O que não permite-se cair morre de pé!

Não é o que eu como que me alimenta

Mas, o que sustenta o que eu como – não é o fruto, é a raiz.

Não é a comida no prato que devo agradecer

Mas, o prato que me oferta a comida

É o fundo que me satisfaz.

Existe mar mais aberto que a morte?

O que nos apavora na morte é sua excessiva abertura

Sua imensurável e infinitas possibilidades de ser.

Tanto na MORte quanto no aMOR temos o Mor

E o MOR é tudo que é maior

Portanto, nada maior que o AMOR e a MORTE

São apenas pontas de uma mesma lança

Ou a MORTE é uma flecha,

Ou o AMOR é o arco

O amor como origem, o arco

A morte como o destino, a flecha

Tu, ser, que fazes isso de tua imaginação?

Sejas, tu, um hábil arqueiro, e nada mais!

NOVA ÁGORA

3 de junho de 2009

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